“A questão sobre a transmissão da psicanálise está presente desde o início. Freud se perguntou como manter a psicanálise além de sua vida, quando ele não estava por perto para apoiá-la. Sua preocupação girava em torno da transmissão e continuidade da prática psicanalítica nas novas gerações. Felizmente, eles pegaram o desafio, e tanto em sua prática quanto em seus desenvolvimentos teóricos ele continua… ainda. No entanto, persistem dúvidas sobre a transmissão da psicanálise. Eles insistem que o discurso psicanalítico não aspira à síntese. A impossibilidade de unir dizer e dito é o que funciona como limite do que pode ser ensinado, e o que possibilita a transmissão. (…) Não tenho dúvidas de que Mabel Levato é uma daquelas analistas que “sabe muito”. Mas não é essa quantidade de conhecimento que a distingue e caracteriza, mas sua maneira muito subjetiva de transmitir a psicanálise. Tão subjetivo que mexe. E por subjetivo, entende-se que é um analista que oferece um conhecimento que não é enciclopédico, embora seja conceitualmente rigoroso. É um saber atravessado pela falta, pela incompletude, pelo não erudito. E é por isso mesmo que permite questionar o que transmite. Como não há conclusão possível, o que está em jogo no ensino é a transmissão do conhecimento que falta. Ao questionar a crença em um saber que preenche o vazio estrutural, permite a quem estiver em condições de ouvi-lo, lê-lo, ter a possibilidade de formular suas próprias perguntas. Seria impossível pensar em outra forma pela qual a autora nos aborda a psicanálise que não fosse esta, condizente com sua abordagem dos textos freudianos. (…) Este livro, que não pode ser lido isoladamente, mas faz parte de sua extensa obra, é necessário. Não só para quem se inicia no estudo da psicanálise. Também é verdade para todos nós que nos chamamos analistas. As articulações conceituais que ali se refletem são extremamente interessantes e, como não poderia deixar de ser, Levato nos leva a novas reflexões e questionamentos.”
Trechos do Prólogo de Agostina Ilari Bonfico
Mabel Levato é graduada em Psicologia (Universidad del Salvador) e mestre em Psicanálise (Kennedy University). Doutor em Psicologia Social (Reino Unido).
Professor de Teoria da Psicanálise I e II na Faculdade de Ciências Psicológicas (Reino Unido). Diretora do Mestrado em Psicanálise (Reino Unido). Membro da Associação Mundial de Psicanálise (AMP) e da Escola de Orientação Lacaniana (EOL – Buenos Aires).
Codiretor até 2014 do Departamento de Toxicodependência e Alcoolismo do Instituto Clínico de Buenos Aires (ICdeBA). Membro da comissão académica da Faculdade de Ciências Psicológicas.
É autora de inúmeras obras publicadas em livros coletivos e publicações especializadas, e dos livros Metapsicologia Freudiana e Teoria das Representações (Editorial Académica Española, 2011); Metapsicologia, O Inconsciente Freudiano (Letra Viva Editorial, 2012 e 2021); Novas formas de “sintomas” (Letra Viva Editorial, 2021) e Vícios da época (Letra Viva Editorial, 2022). Estes dois últimos foram traduzidos e publicados em português pela Letra Viva.
É diretora das coleções “Sujeto, epoch y psicoanálisis” (Argentina) e “Horizontes psicoanáliticos” (Brasil), da editora Letra Viva.














